terça-feira, 24 de abril de 2012

Futuro do Pretérito


Gostaria de propor uma nova reflexão, visto que tudo o que se diz só pode ser feito segundo as convenções sociais.
O que se sabe sobre o comportamento do homem a mais do que o que se pode observar? Penso que, se refletirmos a cerca deste tema com base no comportamento, nunca vamos de fato saber mais do que o que nos é apresentado.
A psicologia nos diz que todo o comportamento do homem, em sua complexa estrutura, é fruto de uma vivência, de uma experiência. O que constrói o caráter ou até mesmo a personalidade de uma pessoa se não tudo o que ela passou como experiência na vida? A base comportamental se dá em consequência da percepção que cada indivíduo tem do mundo, ou seja, cada uma vê o que lhe parece e conforme o que lhe parece cada um reage aos eventos de uma forma diferente. Por isso duas crianças, vivendo no mesmo lar, tendo as mesas condições respondem diferente aos mesmos estímulos e com isso se tornam adultos muito diferente um do outro. Por que cada um vê de um modo as coisas que lhe são propostas? A resposta desta questão é prática e ao que me parece um tanto quanto obvia e simplista. “Cada um, cada um” a percepção que temos é dada às experiências anteriores de cada um. Assim fica a maior das questões a este tema:
Quem é o homem natural?
Qual a base comportamental do ser humano?
Como o homem reage naturalmente? (…) Deveria eu fazer estes mesmo questionamentos no futuro do pretérito, uma vez que jamais saberíamos? Ou então vamos criar um personagem de particular e peculiar improbabilidade. Proponho:
Imagine um homem sem um histórico, seja ele qual for... é difícil imaginar pois estamos todos presos no plano físico e comportamental dado ao que se sabe, mas proponho mesmo assim.
No meio de uma floresta virgem, ou de um deserto, ou sozinho dentro de um gigantesco prédio, surge do nada, bem ali, um homem de 30 anos, consciente e dotado de todas as capacidades humana que conhecemos, com vestimentas simples e muito práticas, sem nenhuma influência externa; isso quer dizer sem ter passado por experiências boas ou ruins, sem ter passado por uma infância, sem ter passado por um parto ou uma gestação e sem trazer consigo nenhuma carga genética de seus pais pois ele não tem pais. Um indivíduo inexistente e impossível. Entretanto neste texto ele existe e seu nome é Fred.
Vamos observá-lo de longe e ver qual o seu padrão comportamental, então saberemos quem de fato é o ser humano e o quanto ele é diferente do “homem criatura da sociedade”, (todos nós).
Agora convido a todos a pensarem comigo (ainda que somente uma conjectura): Fred se depara a um obstáculo, e nós sabemos o que é um obstáculo, pois em algum momento alguém nos ensinou, porém a ele não. Então vamos observá-lo e ver se ele interpreta isto como um obstáculo ou não. O que estamos aprendendo com a ciência mais avançada? Por acaso a matéria é estável como até muito pouco tempo atrás achávamos que era? Não esqueçamos que Fred, por ninguém dizer o que é certo ou errado, bom ou ruim, grande ou pequeno, frio ou quente, longe ou perto, ele é incapaz de fazer qualquer nível de julgamento. Ele vive apenas.
Vagando por mais um tempo ele se depara com outro indivíduo e neste momento ele começa um jornada sem fim ou retorno, pois quando ele viu o homem tudo estava bem, mas quando o homem o viu, então Fred observou em primeira instância que ele podia usar os olhos para ver, tal qual o homem a sua frente fizera e diferente do que estava fazendo até então, pois estava sentindo o ambiente como os cegos fazem e assim percebem o mundo em sua volta melhor do que os que olham com os olhos.
Agora Fred olha com os olhos, se aproxima do homem e este o cumprimenta fazendo o que todos nos sabemos que devemos fazer, ele estende a mão ao Fred e fala qualquer coisa agradável e gentil, entretanto nada poderia ser mais destrutivo ao Fred neste momento, pois deste episódio em diante Fred perdeu algumas das capacidades mentais como telecinesia, pois com o toque na mão e observando o homem ali em sua frente Fred passou a ser mais sinestésico, e ouvindo o homem falar Fred “aprendeu” a usar o som que ele podia emitir com a voz e a escutar com os ouvidos... terá Fred aprendido isto ou ele começou a esquecer da telepatia e a sentir as vibrações do ambiente em cada poro ao invés de ouvir com a vibração sônica somente dos tímpanos de seus ouvidos?
Minha indagação neste momento é se de fato o homem precisa estar em sociedade ou a sociedade precisa estar com o homem. Sei que sobre isto, para que não fique com ares de rebeldia e com colocações que margeiam entendimentos simplistas, é necessário ainda muita explanação. Existe uma parábola que diz que um surdo fez o que ninguém podia fazer e quando lhe perguntaram como o fizera já que todos pensavam ser impossível e surdo disse que lamentava pois não sabia, não ouvira ninguém dizer nada a repeito. Padrões de comportamento são os principais limitadores da capacidade mental do homem. Constantemente estamos doutrinando ou reprogramando a nossa mente, criando por conta das influencias externas, novas formas de boicotar a nossa capacidade de realização do meio ou na integralidade do nosso ambiente. Então passamos a ver as coisas assim: as limitações do nosso corpo são impostas pela nossa mente, que se tornou descrente das nossas próprias capacidades.
Fred poderia fazer tudo, criar, entender, fazer, percorrer, resolver, decidir, agir e não somente reagir, ele precipitava os fatos, ele entendia pois fazia parte conscientemente do que achamos não ter solução ou explicação. Fred era parte viva e consciente do caos. Tudo lhe era possível. Ele não era um habitante da natureza ele era a natureza e com suas infinitas capacidades mentais vivenciava as também infinitas possibilidades e probabilidades. Sem certo ou errado, sem julgo ou moldes, Fred simplesmente foi um homem natural e com isso pareceu extraordinário na nossa falha concepção.
Agora vamos voltar lá no inicio da história do Fred.
Digamos que Fred não teria surgido sozinho, ele apareceu no mesmo ambiente, com as mesas condições e ao mesmo tempo com o seu irmão que até então não o era e este se chamava Igor.
Cada um poderia reagir de forma diferente àquele homem que apareceu, pois eram pessoas diferentes, Fred e Igor exatamente iguais e diferenciavam-se um do outro somente pela formação atômica da composição das suas células, pois sabemos que no mais absoluto caos, nenhuma partícula é idêntica a outra. Por que eles seriam? Criaturas perfeitas e dotadas de todo intelecto eles decidiram ser ou não iguais, mas esta historia precisa ser contada de um ângulo diferente... E será.

Um comentário:

Educação Fiscal EMEF CEI disse...

A história de Fred dá margem à reflexão. Realmente, nossas ações são aprendidas, primeiramente em família, depois, no primeiro contato com a sociedade, a escola. Estamos em constante busca de aceitação, seja ela de quem for e isto só ocorre ao cumprirmos as metas de normalidade exigidas pela sociedade.
Tão difícil soltar as amarras, ser livre...
Que vontade de ser o Fred!