quarta-feira, 11 de maio de 2011

...Bah!

“Da janela do rancho vejo dois olhos grandes num corpo pequeno emplumado, esguio e pardo pousado sobre uma trama da cerca, aliando a atenção vigilante de sentinela com a visão que alcança a todos os lados, não deixa que nada se perca. E num cisquedo de folhas que juntei no pátio, os eriçados bigodes de um rato guiam o seu olfato a buscar comida, pra manter a vida nos pequenos olhos que o luar ofusca, mal sabe ele que está pra se transformar naquilo que busca.
Dali assisto a espantosa cena, se nem tanto amena, não mais que normal segue a ordem natural das coisas deste mundo, num instante estamos vivos e fortes, o destino inverte nossa sorte e nos faz moribundos.
Subitamente me vejo pequeno igual ao rato e meu rancho é um cisco cercado de campo e mato, dos predadores que temo nem sei a metade, sei que têm olhos maiores que a pança, invés de fome... ganância, invés de instinto... maldade.”

Tulio Urach

Um comentário:

Lucilaine Marconatto disse...

Este poema é simplesmente fantástico. Diz muito de uma realidade, aliás, diz tudo sobre a natureza do homem. Tulio Urach traduziu de maneira direta e clara o que páginas e páginas tentam explicar. Leio inúmeras vezes para não esquecer quem somos, quem sou e o que quero ser.