Gostaria
de propor uma nova reflexão, visto que tudo o que se diz só pode
ser feito segundo as convenções sociais.
O que se
sabe sobre o comportamento do homem a mais do que o que se pode
observar? Penso que, se refletirmos a cerca deste tema com base no
comportamento, nunca vamos de fato saber mais do que o que nos é
apresentado.
A
psicologia nos diz que todo o comportamento do homem, em sua complexa
estrutura, é fruto de uma vivência, de uma experiência. O que
constrói o caráter ou até mesmo a personalidade de uma pessoa se
não tudo o que ela passou como experiência na vida? A base
comportamental se dá em consequência da percepção que cada
indivíduo tem do mundo, ou seja, cada uma vê o que lhe parece e
conforme o que lhe parece cada um reage aos eventos de uma forma
diferente. Por isso duas crianças, vivendo no mesmo lar, tendo as
mesas condições respondem diferente aos mesmos estímulos e com
isso se tornam adultos muito diferente um do outro. Por que cada um
vê de um modo as coisas que lhe são propostas? A resposta desta
questão é prática e ao que me parece um tanto quanto obvia e
simplista. “Cada um, cada um” a percepção que temos é dada às
experiências anteriores de cada um. Assim fica a maior das questões
a este tema:
Quem é o
homem natural?
Qual a
base comportamental do ser humano?
Como o
homem reage naturalmente? (…) Deveria eu fazer estes mesmo
questionamentos no futuro do pretérito, uma vez que jamais
saberíamos? Ou então vamos criar um personagem de particular e
peculiar improbabilidade. Proponho:
Imagine
um homem sem um histórico, seja ele qual for... é difícil imaginar
pois estamos todos presos no plano físico e comportamental dado ao
que se sabe, mas proponho mesmo assim.
No meio
de uma floresta virgem, ou de um deserto, ou sozinho dentro de um
gigantesco prédio, surge do nada, bem ali, um homem de 30 anos,
consciente e dotado de todas as capacidades humana que conhecemos,
com vestimentas simples e muito práticas, sem nenhuma influência
externa; isso quer dizer sem ter passado por experiências boas ou
ruins, sem ter passado por uma infância, sem ter passado por um
parto ou uma gestação e sem trazer consigo nenhuma carga genética
de seus pais pois ele não tem pais. Um indivíduo inexistente e
impossível. Entretanto neste texto ele existe e seu nome é Fred.
Vamos
observá-lo de longe e ver qual o seu padrão comportamental, então
saberemos quem de fato é o ser humano e o quanto ele é diferente do
“homem criatura da sociedade”, (todos nós).
Agora
convido a todos a pensarem comigo (ainda que somente uma conjectura):
Fred se depara a um obstáculo, e nós sabemos o que é um obstáculo,
pois em algum momento alguém nos ensinou, porém a ele não. Então
vamos observá-lo e ver se ele interpreta isto como um obstáculo ou
não. O que estamos aprendendo com a ciência mais avançada? Por
acaso a matéria é estável como até muito pouco tempo atrás
achávamos que era? Não esqueçamos que Fred, por ninguém dizer o
que é certo ou errado, bom ou ruim, grande ou pequeno, frio ou
quente, longe ou perto, ele é incapaz de fazer qualquer nível de
julgamento. Ele vive apenas.
Vagando
por mais um tempo ele se depara com outro indivíduo e neste momento
ele começa um jornada sem fim ou retorno, pois quando ele viu o
homem tudo estava bem, mas quando o homem o viu, então Fred
observou em primeira instância que ele podia usar os olhos para ver,
tal qual o homem a sua frente fizera e diferente do que estava
fazendo até então, pois estava sentindo o ambiente como os cegos
fazem e assim percebem o mundo em sua volta melhor do que os que
olham com os olhos.
Agora
Fred olha com os olhos, se aproxima do homem e este o cumprimenta
fazendo o que todos nos sabemos que devemos fazer, ele estende a mão
ao Fred e fala qualquer coisa agradável e gentil, entretanto nada
poderia ser mais destrutivo ao Fred neste momento, pois deste
episódio em diante Fred perdeu algumas das capacidades mentais como
telecinesia, pois com o toque na mão e observando o homem ali em sua
frente Fred passou a ser mais sinestésico, e ouvindo o homem falar
Fred “aprendeu” a usar o som que ele podia emitir com a voz e a
escutar com os ouvidos... terá Fred aprendido isto ou ele começou a
esquecer da telepatia e a sentir as vibrações do ambiente em cada
poro ao invés de ouvir com a vibração sônica somente dos tímpanos
de seus ouvidos?
Minha
indagação neste momento é se de fato o homem precisa estar em
sociedade ou a sociedade precisa estar com o homem. Sei que sobre
isto, para que não fique com ares de rebeldia e com colocações que
margeiam entendimentos simplistas, é necessário ainda muita
explanação. Existe uma parábola que diz que um surdo fez o que
ninguém podia fazer e quando lhe perguntaram como o fizera já que
todos pensavam ser impossível e surdo disse que lamentava pois não
sabia, não ouvira ninguém dizer nada a repeito. Padrões de
comportamento são os principais limitadores da capacidade mental do
homem. Constantemente estamos doutrinando ou reprogramando a nossa
mente, criando por conta das influencias externas, novas formas de
boicotar a nossa capacidade de realização do meio ou na
integralidade do nosso ambiente. Então passamos a ver as coisas
assim: as limitações do nosso corpo são impostas pela nossa mente,
que se tornou descrente das nossas próprias capacidades.
Fred
poderia fazer tudo, criar, entender, fazer, percorrer, resolver,
decidir, agir e não somente reagir, ele precipitava os fatos, ele
entendia pois fazia parte conscientemente do que achamos não ter
solução ou explicação. Fred era parte viva e consciente do caos.
Tudo lhe era possível. Ele não era um habitante da natureza ele era
a natureza e com suas infinitas capacidades mentais vivenciava as
também infinitas possibilidades e probabilidades. Sem certo ou
errado, sem julgo ou moldes, Fred simplesmente foi um homem natural e
com isso pareceu extraordinário na nossa falha concepção.
Agora
vamos voltar lá no inicio da história do Fred.
Digamos
que Fred não teria surgido sozinho, ele apareceu no mesmo ambiente,
com as mesas condições e ao mesmo tempo com o seu irmão que até
então não o era e este se chamava Igor.
Cada um
poderia reagir de forma diferente àquele homem que apareceu, pois
eram pessoas diferentes, Fred e Igor exatamente iguais e
diferenciavam-se um do outro somente pela formação atômica da
composição das suas células, pois sabemos que no mais absoluto
caos, nenhuma partícula é idêntica a outra. Por que eles seriam?
Criaturas perfeitas e dotadas de todo intelecto eles decidiram ser ou
não iguais, mas esta historia precisa ser contada de um ângulo
diferente... E será.